Um estudo realizado pela Pew Research com mais de 10.000 adultos americanos, identificou que, nas últimas décadas, as pessoas estão mais polarizadas e divididas do que nunca antes na história. Esse fenômeno, infelizmente, não é isolado e vem ocorrendo em várias partes do mundo. Vive-se um momento de muitas incertezas e para livrar-se desse desconforto, as pessoas tendem a se agarrar a novas ou antigas verdades.
Em geral, as pessoas, sequer escutam aquelas que pensam diferente, desperdiçando, assim, a oportunidade de ampliar a sua visão sobre um tema e/ou de entender o ponto de vista do outro. Se esse é um comportamento que tem sido recorrente entre pessoas no dia-a-dia com suas famílias e amigos, a situação pode ser ainda mais crítica no ambiente corporativo, onde o status, o cargo e a competição por resultados são justificativas consideradas aceitáveis para o domínio de poucos privilegiados.
A diversidade é uma das grandes riquezas da humanidade.
As pessoas são diferentes umas das outras e também compartilham coisas em comum. Todos temos necessidades universais de conexão, auto expressão, autonomia e também um interesse genuíno em oferecer nossa contribuição. Nesse sentido, a diversidade é o conjunto de diferenças e semelhanças que caracterizam as pessoas e que as tornam únicas.
No entanto, a maioria das empresas ainda busca o convencional.
Muitas organizações ignoram uma variedade de emoções e conflitos que fazem parte da coexistência humana no ambiente corporativo. Um desconforto que sempre me deixa atenta nesse espaço é o fato de várias vozes não serem ouvidas. A diferença de opinião é uma forma de diversidade e uma das maneiras em que ela se manifesta. A Indiferença ao diferente, machuca aqueles que não tem voz, restringe e exclui potencialidades que a diversidade pode trazer ao ambiente organizacional para torná-lo mais humano, criativo e sustentável.
Nas organizações, quando existe espaço para a “escuta”, é natural que as pessoas se manifestem concordando, ou não, acerca dos meios e dos fins. É sabido que cada indivíduo tem um campo de competência particular e conhecimentos limitados por esse campo. Cada profissional enxerga a organização e o mundo, sob a sua ótica e cada um, irá defender aquilo que acredita ser o curso certo da ação. Entretanto, não devemos perder de vista que não é incomum se desvalar para a intolerância e o preconceito. Nesse contexto muitas vozes se calam, enquanto outras, com convicções extremadas se esforçam para falar mais alto e então, perde-se a chance de encontrar soluções equilibradas que incluam várias perspectivas e contemplem a abrangência da questão. E é dentro desse cenário de interações humanas complexas que líderes habilidosos alcançam resultados e fazem a diferença. Que habilidade é essa e como ela se manifesta?
Grande parte das decisões organizacionais significativas é o resultado de um processo social e político.
A noção de política nasce da ideia de que, quando os interesses são divergentes, a sociedade deve oferecer meios que ajudem os indivíduos a reconciliarem as suas diferenças por meio da consulta e da negociação. Isso significa que a imprevisibilidade e elevada velocidade demandam ainda mais habilidades sociais e políticas para lidar com todas as diferenças que são naturais e, na maioria das vezes, desejáveis para permitir o compartilhamento de ideias, experiências e paixões. O profissional competente politicamente é aquele que busca ver as questões de forma ampla, levando em consideração os diferentes ângulos e para tanto ele se propõe a dar voz a todos.
Cultivar maior diversidade nos cargos de liderança e desenvolver a habilidade política naqueles que assumem esse papel, talvez seja uma das formas mais eficientes para a transformação do ambiente de trabalho em um lugar que reconhece e valoriza a diversidade e proporciona representatividade. O desenvolvimento da habilidade política dos líderes, visa alcançar objetivos que possibilitem o trato das demandas das relações humanas e da diversidade em particular, tais como:
Temos observado que líderes que desenvolvem a competência política têm mais prontidão para ouvir e conciliar as diferenças, gerenciam melhor os interesses múltiplos que competem entre si e administram, permanentemente os conflitos, tratando-os antes de se tornarem confrontos.
É urgente que as organizações se preparem para lidar coma as diversidades, principalmente, no mundo do trabalho pós-pandemia, onde muitos chegarão carregando enormes perdas. Alguns norteadores devem ser avaliados:
Abraçar a diversidade não é missão de uma única área, mas uma mudança de postura coletiva.
As empresas e todas as diversidades que elas incorporam podem proporcionar o desenvolvimento de cidadãos e trabalhadores mais conscientes. Então, é fundamental que as empresas busquem reinventar seus espaços. Espaços esses onde as pessoas tenham que usar máscaras, apenas para se protegerem da Covid e enquanto isso for necessário. Só assim teremos organizações mais justas.
E você tem sido aberto a diversidade de opiniões? E a sua empresa oferece espaços para as diferentes vozes?
Referência: https://www.pewresearch.org/politics/2014/06/12/political-polarization-in-the-american-public/